Carta para a “Sra. Depressão”
João Carlos
- fevereiro 21, 2025
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Já parou pra pensar no que você pensa ao longo do dia? Quais assuntos ocupam sua mente do amanhecer ao anoitecer?
Recentemente, dois temas surgiram com frequência no meu feed e, possivelmente, no de muitas pessoas: a depressão do Padre Fábio de Melo e o intrigante peixe abissal que emergiu das profundezas do oceano, despertando curiosidade e questionamentos entre cientistas e observadores.
Mas o que esses dois assuntos têm em comum? Como se conectam aos nossos pensamentos?
Ambos se tornaram virais, provocando debates, reflexões e conversas, tanto nas redes sociais quanto fora delas. Mais do que isso, trouxeram à tona um elemento fundamental para a nossa saúde mental: a expressão. Seja pela fala, pela escrita ou pelo diálogo, compartilhar o que sentimos é essencial para compreendermos nossas emoções.
Entre essas formas de expressão, a fala se destaca. Afinal, como diz o ditado: “A boca fala do que o coração está cheio.” Falamos o tempo todo sobre diversos temas alheios, mas nem sempre conseguimos abordar o que realmente importa: nossas dores, medos e fragilidades. E se, em vez de evitá-los, aprendêssemos a fazer uma pausa respeitosa e dialogar com eles?
Hoje, proponho um exercício diferente: escrever uma carta aberta à “Sra. Depressão”. Essa presença sombria que tantos conhecem, mas poucos ousam encarar de frente. Uma força que atravessa tempos e pessoas, que se infiltra em silêncios e, por vezes, nos rouba a vontade de seguir em frente.
Não se trata de aceitá-la ou torná-la uma amiga, mas de abrir espaço para compreendê-la sem julgamento e sem devaneios em assuntos alheios.
O que torna essa força tão avassaladora? Como pode apagar a luz até dos mais sábios, fortes e espiritualmente elevados? A depressão não escolhe suas vítimas. Ela atinge qualquer pessoa, independentemente de crença, status, profissão ou maturidade emocional. Mas por quê?
Seria apenas um fardo, ou em algum nível, a “Sra. D” é um reflexo das contradições e frustrações do mundo em que vivemos? Talvez a “Sra. D” não queira nossa rendição, mas sim que prestemos atenção ao que ignoramos: nossas angústias, feridas não cicatrizadas e emoções reprimidas. E se, ao nos empurrar para a profunda escuridão, ela também esteja nos desafiando a nadar para encontrar nossa própria luz?
Que possamos, assim como o peixe abissal, emergir das profundezas de nosso oceano emocional e encontrar águas mais claras. E que, nessa jornada, saibamos estender a mão a quem caminha ao nosso lado.